A presidente da Fundação Dr. Agostinho Neto, Maria Eugénia Neto, considerou, ontem, em Luanda, que o Prémio Internacional de Investigação Histórica Agostinho Neto, que promove a educação, ciência, tecnologia e a cultura, incentiva a criação e inovação científica.
Prémio Internacional de Investigação Histórica Agostinho Neto promove a criação científica Fotografia: Vigas da Purificação | Edições Novembro
Maria Eugénia Neto, que falava na cerimónia de outorga do prémio da segunda edição, afirmou que a instituição não hesitou em investir recursos para promoção de investigação histórica e a operação do júri, bem como na publicação da obra vencedora com uma tiragem de cinco mil exemplares. “Ao investir no trabalho de investigação, a Fundação mostra a firme determinação de contribuir para o conhecimento da verdade histórica de Angola com o resto do mundo, com resultados sérios e relevantes”, disse. Maria Eugénia manifestou o desejo de ver, brevemente, angolanos, a par dos estrangeiros, a produzirem obras premiadas e reconhecidas internacionalmente. Agradeceu, em nome da Fundação, a cooperação científica da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e da Faculdade Brasileira Zumbi dos Palmares. Nesta segunda edição, foi premiada a obra “Ferreiros e Fundidores da Ilamba” de autoria da brasileira Crislayne Alfagali. O livro retrata a história social da fabrica-ção de ferro e da Real Fábrica de Nova Oeiras (Angola, na segunda metade do sé-culo XVIII). O Prémio Internacional de Investigação Histórica Agostinho Neto é bianual e consiste na promoção e incentivo à investigação histórica sobre Angola, África, Brasil e diáspora. O prémio é coorganizado pela Fundação Dr. António Agostinho Neto e o Instituto Afro-brasileiro de Ensino Superior, representado pela Faculdade Zumbi dos Palmares, e conta com a participação da Unesco no corpo de jurados. O vencedor é premiado com um valor de 50 mil dólares e um troféu. A obra foi lançada durante o evento e está a ser vendida por cinco mil kwanzas. Nesta edição,
o júri integrou docentes brasileiros e angolanos, que observaram 36 obras representando oito países, designadamente Angola, Brasil, Cuba, Guiné-Bissau, Portugal, Suécia, Venezuela e Camarões.
Ensaio A brasileira Crislayne Alfagali venceu, com a obra "Ferreiros e Fundidores da Ilamba", a edição 2018 do Prémio Internacional de Investigação Histórica Agostinho Neto. Crislayne Alfagali agradeceu à Fundação pela instituição do prémio e aos investigadores angolanos que graças a alguns trabalhos obteve informação pertinente para a sua obra. A autora explicou que, para a elaboração do livro, fez uma visita à Fábrica de Ferro no Dondo, província do Cuanza-Norte, onde reconstruiu a História a partir do que os ferreiros e fundidores locais disseram a respeito dos planos de Marquês de Pombal e sobre os processos de conquista e a implantação da referida fábrica. Crislayne Alfagali é doutorada em História e professora universitária. No decorrer da cerimónia de outorga do prémio, foram, igualmente, galardoadas duas menções honrosas para os professores Thiago Henrique e João José Reis com as obras “História Atlântica da Islamização na África Ocidental- Senegâmbia” (Século XVI) e “Ganhadores. Trabalho africano, controle e conflito na Bahia Urbana” (Século XIX), respectivamente. O chefe do sector cultural da Embaixada do Brasil, Sérgio de Toledo, disse ser im-portante o reconhecimento mútuo entre os dois países. Na sua óptica, a obra vencedora traz uma investigação e como novidade uma perspectiva africana, “pois o Brasil tem procurado promover mais o estudo da História pela vertente africana e não apenas europeia”. A obra foi lançada durante o evento que decorreu no Memorial Dr. António Agostinho Neto, em Luanda.