Conhecida como a terra da Palanca Negra Gigante, Malanje, é por excelência, uma província turística. Dados do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos revelam que todos os anos recebe mais de oito mil turistas entre nacionais e estrangeiros.
Fotografia: Nicolau Vasco | Edições Novembro
Com um potencial invejável, possui uma diversidade de sítios turísticos inexplorados por falta de investimentos. Os municípios de Calandula, Massango, Cangandala, Cambundi Catembo, Quela, Kunda-dya-Base e Cacuso, possuem as maiores belezas naturais, que deixam qualquer amante da natureza encantado.
A aposta no turismo pode torná-lo numa solução vital para a criação de milhares de postos de trabalho e atenuar os efeitos da crise económica e financeira que o país atravessa. Hoje, quem chega a Malanje limita-se apenas a visitar as Quedas de Calandula, uma das Sete Maravilhas de Angola, e as segundas maiores de África, com mais de 100 metros de altitude, as Pedras Negras do Pungo Andongo, em Ca-cuso, e os Rápidos do Kwanza, em Cangandala. Os encantos de Malanje não se ficam apenas por estes. Existem também a mesa da Rainha Njinga Mbande, na comuna do Cuale, as quedas dos Bem Casados, em Cambundi-Catembo, São Francisco, em Massango, Musse- lege, Mbango a Nzenza e Macatalando, em Calandula, bem como as cachoeiras de Kadiheke, localizadas a 10 quilómetros da sede municipal do Quela. O soba André Quicassa explicou que “Kadiheke” é uma expressão em quimbundo usada no passado com o objectivo de impedir os colonos de conhecer as cachoeiras, que durante a guerra civil angolana também serviram de refúgio para as populações. Malanje tem ainda outras zonas de interesse turístico como a Lagoa do Polígono, adjacente à Casa do Gaiato de Matari-a-Njinga, a localidade de Salto Cavalo, as mesas de Ngola Kiluanje, a albufeira de Capanda, vista parcial de Kabatukila, entre outros. Nesta lista constam ainda o Parque Nacional de Cangandala, os Gaiatos e a Igreja Metodista do Quéssua, que carecem de exploração e de uma maior promoção e divulgação, para o crescimento da região.
Centenas de turistas todos os meses O director do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Fernandes Cristóvão, disse que mensalmente chegam à província de Malanje 314 turistas. Sem apontar dados, apontou os meses de Junho e Dezembro como aqueles em que se regista o maior número de turistas na província A província, disse, prepara a realização de um diagnóstico para a actualização do Plano Director Provincial do Turismo, que deve culminar com a elaboração dos Planos directores municipais. Fernandes Cristóvão anunciou também o licenciamento de empreendimentos turísticos, bem como a realização de acções formativas dirigida aos funcionários de empreendimentos turísticos e jovens interessados. Referiu ainda a necessidade da implementação do programa de fomen-to e desenvolvimento das aldeias turísticas.
Unidade hoteleiras Até 2017, a província contava com sete hotéis, 123 pensões, 13 hospedarias e 71 unidades de restauração. Entres as unidades hoteleiras destaque para os hotéis Nginga, Portugália, Dom Fausto, Hotel Polígono, Telma Fashiom, Mbanza Marimba, Regina I e II. Os hotéis Malanje, Olaca, em Calandula, e Restaurante, em Cacuso, estão há vários anos inoperantes. O gerente do Hotel
Regina II, Cláudio Pedro, considera que o turismo em Malanje começa a ganhar força com a visita de turistas de diversas nacionalidades. Mensalmente, sua unidade hoteleira recebe 40 turistas, um número que aumenta nos fins-de-semana prolongados. “Com o aumento de turistas, urge mais investimentos no sector”, disse. Claúdio Pedro frisou que a primeira reclamação dos turistas tem sido o mau estado das vias de acesso aos locais turísticos, bem como a falta de uniformização dos preços nos hotéis da região. Defendeu a necessidade de haver maior engajamento não só dos operadores hoteleiro, mas também do Executivo, que deve reabilitar as estradas para permitir melhores condições de circulação rodoviária.
Vias degradadas criam constrangimentos
O estado de degradação das vias de acesso constitui um dos principais constrangimentos para quem pretende visitar os pontos turísticos e inviabiliza a realização de investimentos no sector. Os 54 quilómetros que ligam a sede municipal de Cangandala ao Santuário da Palanca Negra Gigante estão intransitáveis. Apenas no cacimbo se pode chegar ao local. O mes- mo cenário se vive na via que liga a sede de Calandula às quedas de Musselege, numa extensão de 21 quilómetros. Igualmente inacessível está o troço de 12 quilómetros entre a sede comunal de Dala Samba e os túmulos reais de Ngola Kiluanje e Nginga Mbande, na regedoria de Muculo a Ngola. Esta via é caracterizada por pântanos e solo argiloso. A regedoria de Muculo a Ngola é uma localidade histórica e símbolo da resistência contra ocupação colonial. Por isso, o rei do Bailundo, Armando Kalupeteca, numa visita a região do Ndongo, no princípio deste ano, disse ser urgente a requalificação dos túmulos dos dois soberanos para a sua conservação e valorização. O rei do Bailundo sugeriu ainda a transladação dos restos mortais de Njinga Mbande e Ngola Kiluanje para a capital da província de Malanje, de-vido ao mau estado da via e também para facilitar os trabalhos de investigação realizados pelos historiadores.
Turismo mais frequente O turismo de praia e o ecológico é o mais frequente em Malanje. O ecoturismo, apesar da realização, em Junho último, de uma conferência internacional para a sua promoção, ainda é incipiente. Há também intenções de empresários locais em desenvolver o agro-turismo. Para o fomento do turismo, foram recentemente formados 20 guias turísticos e a Escola Superior Politécnica de Malanje prevê lançar este ano o primeiro grupo de licenciados em Hotelaria e Turismo, num universo de mais de 200 estudantes. Foi reabilitada a pousada de Calandula e actualmente estão em curso as obras de construção de um novo Santuário da Palanca Negra Gigan-te, no Parque Nacional de Can- gandala, no sentido de permitir com que aquela espécie rara seja vista por todos. Hoje, ver o antílope é muito difícil devido a grande extensão do actual santuário.